Homilia Missa Exequial da Ir Alice Valério, odc
Igreja de Santa Maria da Feira, Beja
18 de Setembro de 2025, 10h
Caríssimos irmãos e irmãs,
Neste momento marcado pela dor e pela saudade, reunimo-nos em torno do altar do Senhor para celebrar a Santa Missa em sufrágio da nossa irmã Alice. A morte, para quem viveu unido a Cristo, não é o fim, não é um vazio, mas um encontro: o encontro definitivo com o Senhor da vida, com a plenitude do amor de Deus, que é a fonte e a meta da peregrinação que todos nós fazemos neste mundo. Por isso, mesmo no meio de lágrimas, o nosso coração pode encontrar consolo e esperança. Hoje queremos confiar a nossa irmã Alice às mãos misericordiosas do Pai, certos de que Aquele que a chamou para a vida e para a vida consagrada, agora a acolhe no abraço eterno. Quero dirigir, antes de tudo, uma palavra de proximidade, de conforto e de paz aos familiares e amigos da Irmã Alice, que agora experimentam a dor da separação. O Senhor, que conhece cada coração, há de enxugar as vossas lágrimas e fortalecer-vos na fé. E dirijo também uma palavra de muita estima, gratidão e afeto a todas as irmãs Oblatas do Divino Coração. Foi nesta família religiosa que a Irmã Alice entregou a sua vida, consagrada ao Senhor e à Igreja.
Ao longo dos anos, com humildade e dedicação, ela testemunhou que vale a pena gastar a existência pelo Reino de Deus e pelo serviço aos irmãos. Saúdo também fraternalmente os sacerdotes, diáconos, consagradas e consagrados e todos os fieis aqui presentes. Hoje, enquanto rezamos pela sua alma, também damos graças a Deus pela sua vida, pelo bem semeado em silêncio, pela fidelidade vivida no quotidiano, pelo amor a Cristo que sustentou o seu caminho. Nesta ocasião somos convidados a renovar a confiança no Senhor ressuscitado, que venceu a morte e nos abre as portas da eternidade.
As leituras que escutámos vêm iluminar esta nossa oração. O profeta Isaías (25,6-9) fala-nos do “banquete preparado para todos os povos”, onde Deus há de “enxugar as lágrimas de todos os rostos” e destruir para sempre o véu da morte” . Esta promessa antiga encontra hoje cumprimento em Cristo ressuscitado. Nele, a morte não tem a última palavra, mas transforma-se em passagem para a comunhão plena com Deus. O Salmo 22, que rezámos, dá voz à confiança de quem se deixa conduzir pelo Bom Pastor: “Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, não temerei, porque Vós estais comigo”. A vida consagrada da Irmã Alice foi um caminho de entrega nas mãos do Pastor fiel. Agora, podemos crer que Ele a conduz às águas tranquilas da eternidade. E no Evangelho (Jo 6,37-40), ouvimos Jesus dizer: “Quem vem a Mim não o rejeitarei… A vontade do meu Pai é que todo aquele que acredita tenha a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia”. Estas palavras são para nós fonte de Esperança. A vida da Irmã Alice está guardada nas mãos de Cristo. O Senhor que a chamou pelo nome, que a sustentou ao longo dos anos, não a rejeita, mas acolhe-a no seio da sua misericórdia. Ao recordarmos estes traços, não fazemos apenas memória de um passado.
Reconhecemos a obra que Deus realizou na vida da Irmã Alice e damos-lhe graças. A sua morte não é um ponto final: é passagem, é encontro com a plenitude, é entrega nas mãos do Pai que a chamou a dedicar-lhe inteiramente a sua vida. Rezemos para que o Senhor a acolha no Seu amor misericordioso e derrame sobre nós a Sua consolação e a Sua esperança. E peçamos também que nós, ainda a caminho, saibamos viver inspirados no seu testemunho: amando a Palavra de Deus e servindo com generosidade o Senhor e a Sua Igreja. Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja e consolo dos aflitos, interceda por ela e por todos nós. E que São José, padroeiro da nossa Diocese, exemplo de vida silenciosa e fiel, a apresente diante do trono de Deus.
† Fernando, Bispo de Beja











































